Description
Anteriormente Rua do Tenente Valadim, Rua Marginal e Rua da República,
é uma rua de grande história para a ilha de São Vicente e para Cabo Verde.
Era a rua de desembarque do pessoal dos navios, tropas, comerciantes, cargas e carvão e, também, das companhias de carvão, a Sul Cory Brothers e a Norte Miller. Fazia, também, parte do espaço, a Praça Dom Luiz que depois deu lugar aos armazéns de carvão e, finalmente, em 2005, esta Praça retorna à rua.
Funcionava nessa rua todo o tipo de comércio e de atividades ligadas ao Porto, pelo que se encontravam os seguintes profissionais: pescadores, catraieiros, estivadores, comerciantes de bordo (ship-chandelers), mergulhadores, trabalhadores de carvão e os “rossegadores” (que praticavam a “rosséga”, apanha de moluscos no fundo do mar).
A rua ficou bastante descaracterizada com a construção dos quintalões para depósito do carvão e os pontões da Companhia de São Vicente de Cabo Verde. Com o intuito de tornar a vista mais atrativa aos viajantes que aportavam na ilha e, coincidente, com a paragem de Gago Coutinho e Sacadura Cabral na ilha, na primeira travessia aérea do Atlântico Sul, foi erigido um monumento com uma águia de pedra assinalando esse feito e, construída uma pequena praça, uma esplanada e uma varanda à frente da Alfândega velha que, posteriormente, foi chamada de Esplanada dos Aviadores. No outro extremo da rua foi construída a nova Capitania, a Réplica da Torre de Belém e o Mercado de Peixe.
A rua encontra-se reabilitada e com novas construções. De se destacar o moderno empreendimento Pont d’Água, a reabilitação do antigo cais com uma marina moderna e a reconstrução da Praça Dom Luiz.
Os edifícios dessa rua que pertenciam às companhias Wilson, Sons & Co. e Cory Brothers, ainda mantêm parte do seu carácter antigo e original.
De se destacar, alguns dos edifícios mais emblemáticos da rua, no sentido Sul-Norte, de quem entra na cidade, vindo do aeroporto:
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Sede da ENACOL (Empresa Nacional de Combustíveis) - faz parte da atual instalação de armazenamento de combustíveis dessa empresa, que herdou os antigos depósitos de combustível da Millers and Cory’s;
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Matadouro Velho - construído em 1938-1939, funcionou até ao início dos anos noventa;
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Ex-edifício da Polícia de Ordem Pública (POP) - construído nos finais do século XIX, pela Millers & Cory que, depois, o passou a SOCOL em 1933-1934. Esteve abandonado durante alguns anos até que foi ocupado pela tropa depois da Segunda Guerra Mundial e, logo depois se tornou a Esquadra da Polícia, tendo os Serviços do Corpo de Intervenção de São Vicente permanecido no local até 2006, quando foram transferidos para um novo espaço, adjacente ao Comando Regional da POP. Atualmente funciona no edifício, a “Quintal das Artes”.
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Quintal da Vascônia, Ferro & Cª e INDP (Instituto Nacional de Desenvolvimento das Pescas) - edifício inicialmente pertencente à Corys Brother´s e, mais tarde, à Ferro & Companhia das Águas do Tarrafal (1919). Ficou conhecido como Vascônia por causa de um barco com esse nome que, no século XIX pegou fogo na baía do Porto Grande e os objetos que se conseguiu retirar foram arrumados nos quintalões da empresa. Nos anos noventa, chegou a funcionar uma parte do INDP, por poucos anos;
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Bar Tubarão - pequeno edifício privado, que tem funcionado como bar, há muito tempo;
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Casa Santos & Vasconcelos - edifício do século XVIII privado, onde funcionou a Capitania dos Portos (até a construção da Réplica da Torre de Belém) e a Escola de Pilotagem. Em 1900 foi comprado pela Companhia Wilson, Sons & Co. à Sra. Maria de Rosário Leitão da Pereira que, anos depois, o vendeu ao Sr. Mateus Santos. Em 1976, os senhores Mateus Santos e João Vasconcelos (seu sobrinho) abriram o estabelecimento comercial que, ainda, está a funcionar, conhecido por Casa Vasconcelos;
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Casa Figueira - já existia uma casa comercial nesse lote de terreno, em 1870, que depois foi vendida à Companhia Wilson, Sons & Co., em 1900. Foi comprada pelo Sr. Figueira (ship-chandeler), em 1915, que a transformou, de novo, em casa comercial. Atualmente, é o atelier Tchalê Figueira, famoso pintor Cabo-verdiano;
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Mar Mimoso - antiga casa e comércio de Mário Duarte Lopes que a comprou à Companhia Wilson, tendo construído o primeiro andar, nos anos cinquenta do século passado. Pertence, hoje, ao Sr. Santos que comprou todo o estabelecimento e o transformou num moderno minimercado, mantendo, contudo, o nome inicial “Mário Mimoso”, que os mindelenses pronunciam “Mar Mimoso”, em crioulo;
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Barbearia/Loja - antiga propriedade da Companhia de São Vicente/Cabo Verde que já o tinha adquirido à Companhia Manuel Gomes Madeira & Filha, tendo somente o rés-do-chão (Barbearia) e um quintal. Em 1935, aquela Companhia fez a construção que lá está e, depois vendeu-a a um dos últimos ship-chandeler da cidade, cujos estabelecimento e armazém estão a funcionar no espaço. Há mais de 50 anos, funciona no edifício a Barbearia “Benfica”, que se diz ser a Barbearia mais antiga da cidade, pertencente à Sr.ª Albertina J. Cardoso. Funciona ao lado, a loja da Sra. Maria da Luz que vive no primeiro andar desde 1967;
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Estação de serviço da Vivo Energy/Clube Mindelense/Casa da Morna/ Restaurante Grills - prédio relativamente novo, onde eram os armazéns e escritórios da Companhia Lopes & Madeira, hoje, um ponto de referência da ilha e para os turistas;
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várias casas particulares com bares, cafés, restaurantes e lojas, antigamente conhecida por Zona Madeira pertencente à Firma Madeira (1865), onde funcionavam os seus escritórios e armazéns;
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Agência Nacional de Viagem, Supermercado Fragata - inicialmente pertencente à Companhia Cory Brothers (1875) que o recebeu do Sr. Zangury, o primeiro representante da Cory Brothers em São Vicente. Nesse edifício funcionaram os escritórios da Millers and Cory’s até o ano de 1979, data de encerramento desta Companhia, tendo o edifício passado para a posse do Governo de Cabo Verde, o qual instalou a Agência Nacional de Viagens, empresa pública que viria a ser privatizada nos anos noventa, tendo sido adquirida pelos próprios trabalhadores;
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Praça Dom Luiz (quintalões da Companhia de S.V. de Cabo Verde, EMPA) - foi demolida em 1895, tendo sido construídos os quintalões onde se armazenava o carvão usado para abastecer os navios no Porto Grande; após a decadência da era do carvão foram transformados em armazéns da EMPA (Empresa Pública de Abastecimento). Estiveram desocupados durante algum tempo até funcionar aí o Pub Porão (2001-2004). Em 2005, a Câmara Municipal ordenou a sua demolição e a reconstrução da Praça Dom Luiz;
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Biblioteca Municipal/Alliance Française do Mindelo (já descrita);
Do outro lado da rua (lado do mar) e no sentido norte-sul, existem os seguintes edifícios e/ou empreendimentos:
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Pont D’Água - complexo turístico inaugurado em 2009, investimento do casal Vera e Eddie Bull, oferece vários serviços, incluindo bares, restaurantes, lojas, piscina, parque infantil e esplanada;
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Bombas de combustível da Vivo Energy (ex-Shell);
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Praceta do Navegador - construída em 1998 e restaurada, conjuntamente, com a da Torre de Belém, é constituída pela estátua de Diogo Afonso e por mesas e bancos, com uma cobertura, onde os pescadores passam os seus tempos de lazer, jogando às cartas, uril, etc;
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Réplica da Torre de Belém, Capitania dos Portos (já descrita);
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Mercado de peixe - construído durante o período de 1926-1928, junto ao mar onde se possibilitava o descarregamento do pescado, no pequeno cais; nos anos noventa, sofreu obras de requalificação e embelezamento. É muito visitado pelos turistas, pela diversidade de peixes e pelo folclore das vendedeiras e dos tratadores de peixe, durante as respetivas fainas;
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Sentina Municipal, Caizinho (1929-1930) - lugar onde existia o esgoto a céu aberto e onde as mulheres (pagas para esse serviço) descarregavam as latas, contendo os dejetos domésticos da cidade. Atualmente, funciona no local uma estação de bombagem de águas residuais. A nova Sentina veio a ser feita, nesse lugar, aquando da remodelação do Mercado, aproveitando todas as condições de saneamento que já lá existiam.
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